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segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Apagão da ENEL Expõe Falhas Crônicas e Descaso do Governo Federal


   

 Milhões de brasileiros ficaram no escuro após o apagão que atingiu diversas regiões do país neste final de semana, consequência direta das chuvas que derrubaram postes e árvores. A crise de energia, no entanto, revela falhas muito mais profundas e crônicas da ENEL, responsável pela distribuição elétrica, e do governo federal, que não tem conseguido garantir a infraestrutura mínima para o fornecimento contínuo de um serviço essencial.

    Moradores da Grande São Paulo, interior e litoral foram os mais atingidos, com bairros inteiros sem luz por mais de 48 horas. Relatos de pessoas que ficaram sem geladeira, chuveiro e aparelhos médicos essenciais se multiplicaram nas redes sociais, enquanto a ENEL permaneceu com respostas padrão, oferecendo prazos irreais e vagas promessas de solução. O caos foi agravado pela omissão do governo, que mais uma vez foi lento em exigir respostas rápidas e, acima de tudo, fiscalizar a concessionária.

    Não é a primeira vez que a ENEL falha de forma tão grotesca. No início de 2024, após uma série de quedas de energia, a empresa foi amplamente criticada, mas as promessas de investimentos em melhoria da infraestrutura elétrica parecem ter ficado no papel. Nas palavras de Marcio França, ex-governador de São Paulo, "a ENEL precisa ser responsabilizada por sua ineficiência sistêmica, especialmente em períodos críticos como o verão, quando os temporais são previsíveis" .

    Além da incapacidade de resposta da concessionária, a questão escancara a responsabilidade do governo federal. A ausência de uma fiscalização adequada e a falta de um plano de contingência diante de desastres naturais são inaceitáveis. Desde que a crise energética ganhou proporções nacionais em 2021, pouco ou nada foi feito para garantir a solidez da rede elétrica. O setor de energia no Brasil sofre de uma dependência excessiva de empresas privadas, muitas das quais não têm o menor interesse em modernizar suas operações, preferindo o lucro imediato.

    O ministro de Minas e Energia, ao invés de tratar com seriedade a questão, se limitou a desculpas vagas sobre "circunstâncias climáticas" e "desafios operacionais", como se chuvas em outubro fossem uma surpresa no Brasil . Essas declarações revelam a falta de preparo e a ausência de uma política energética eficaz.

    Com milhões no escuro, o governo precisa parar de tratar o problema como um mero contratempo. A ENEL, por sua vez, deve ser alvo de ações firmes, pois está claro que os sucessivos reajustes na conta de luz que tanto pesam no bolso do consumidor não estão sendo revertidos em qualidade de serviço. Até quando os brasileiros continuarão a pagar caro para serem mal servidos? O Brasil merece muito mais do que essa gestão negligente e ineficaz.

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